quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Alcoolismo – O Copo sem fundo

A solução clássica para quem já admitiu ser dependente de álcool sempre foi a busca da abstinência, ou seja, abandonar a bebida de vez. Mas a verdade é que nem todo mundo quer ou consegue parar de beber. E muitos usuários não precisam mesmo dessa medida radical. Para felicidade deles – e da indústria do álcool –, basta aprender a lidar com a bebida da forma mais saudável possível. Esse pensamento é compartilhado por um grupo de estudiosos no Brasil, que defende essa abordagem diferente, conhecida como redução de danos.
Há quem defenda a redução de danos mesmo para alcoólatras com alto grau de dependência química. Um dos argumentos é que só três em cada dez dependentes conseguem se manter abstinentes até o fim da vida. Para quem prega a abstinência, esses casos são contabilizados como fracassos. Mas se o bebedor tem uma vida com autonomia ele é um sucesso para os que pregam a redução de danos. Mesmo que continue com o copo na mão. Na Conferência Internacional sobre Álcool e Redução de Danos, realizada em Recife no final de agosto, a pesquisadora Linda Sobell afirmou que existem muitos usuários de álcool que não atravessam a entrada das clínicas porque não querem receber o rótulo de alcoólatras. Como saída, ela propõe um programa diferencial.
Mas é claro que há polêmica em jogo. Muitos especialistas não se convencem com esse tipo de pesquisa. Eles pregam tratamentos que vão desde a internação em clínicas a atendimentos ambulatoriais que não exigem o afastamento da família com o objetivo de fazer o alcoólatra parar de beber. Mas segundo o psiquiatra José Carlos Galduróz, da Unesp, “a tendência natural hoje não é tirar o alcoolista do meio que ele freqüenta, e sim dar a ele condições para estar bem nesse próprio meio”. O problema é que alguns alcoólatras não têm dinheiro para bancar tratamentos ou atendimentos com especialistas. A saída para eles pode estar em grupos de auto-ajuda como os Alcoólicos Anônimos, que trabalham com a chamada filosofia do espelho: o dependente aprende a se conhecer e a se controlar a partir dos relatos de experiências de outro dependente.
O álcool é uma droga
Se você gosta de beber, não está sozinho: oito em cada dez pessoas no mundo bebem eventualmente. Segundo o Escritório das Nações Unidas para o Controle de Drogas e Prevenção ao Crime, a ingestão de álcool no Brasil é maior que a de leite. Aqui, o consumo per capita de cerveja é de 49 litros por ano. Parece muito, mas é menos da metade da Alemanha: 131 litros por pessoa, o maior do mundo.
Tudo isso faz do álcool a droga mais consumida do planeta. Espera aí, quer dizer que quem bebe uma cerveja depois do trabalho está se drogando? Do ponto de vista médico, sim, sem dúvida. O álcool age no sistema nervoso central, assim como a maconha, a cocaína e a heroína. O álcool vicia mais que maconha e causa mais danos que todas as outras drogas juntas, se somarmos aí os prejuízos causados por acidentes, conflitos regados a birita e doenças.
O problema relacionado ao álcool tem um nome: dependência química, e quem tem esse problema é conhecido como alcoólatra ou alcoolista (o termo politicamente correto): 12% dos brasileiros têm essa doença (sim, é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde desde 1967). Uma coisa é certa: os dependentes químicos são os que mais sofrem por causa do álcool. Um usuário se torna dependente a partir do momento em que pára de beber por prazer e que passa a transformar cada gole numa forma de aliviar os sintomas de abstinência do álcool – tremores, náuseas, sudorese, ansiedade, pesadelos e até alucinações.
A intensidade da dependência varia de pessoa para pessoa. Mas, segundo a OMS, existem alguns pontos em comum entre elas. No começo, o usuário não bebe todos os dias. Depois, o hábito se torna diário. A bebida já não é mais ingerida só à noite, mas também no almoço. Com o tempo, muitos dependentes passam a beber de hora em hora desde o momento que acordam. O local da bebedeira já não tem mais importância, vale tomar todas no trabalho ou até no trânsito. Sem contar que chega uma hora em que a dose precisa ser aumentada para obter o mesmo efeito de antes.
Esse pessoal é que causa a maior parte dos problemas que se jogam na conta do álcool. Estima-se que a indústria do álcool movimente 3,5% do Produto Interno Bruto no Brasil. Mas o país gasta 7,3% do PIB para tratar problemas resultantes da bebida, da dependência à perda de produtividade. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os brasileiros perdem, em média, 11,6% dos anos saudáveis da vida devido ao álcool. Em 1997, cerca de 80 mil internações motivadas pela bebida foram registradas nos hospitais brasileiros.
O corpo também sofre sob o uso abusivo. Saiba que o corpo demora três dias para se livrar do efeito de um porre, ou seja, o raciocínio demora isso tudo para voltar ao normal. Isso quer dizer que, se você bebe o tempo todo, pode não estar entendendo nada há muito tempo. O fígado leva uma hora para processar apenas uma lata de cerveja. No cômputo geral, o uso abusivo é apontado como responsável por 350 doenças físicas e psíquicas catalogadas pelos médicos. Outro dado impressionante: a taxa de suicídio entre alcoólatras é 15 vezes maior do que entre a população em geral.
Mas muitas doenças podem ser causa, e não efeito da bebedeira. Segundo o psiquiatra Dartiu Xavier, na maior parte das vezes a depressão leva ao uso do álcool, e não o contrário. Em uma pesquisa, Dartiu constatou que 77% dos pacientes pesquisados tinham a doença antes da dependência, o que reforça a hipótese de que passaram a usar o álcool como uma espécie de “automedicação” para aliviar os sintomas.
Cada bebida tem um número próprio de unidades de álcool. Uma lata de cerveja, por exemplo, possui 1,5 e uma dose de destilado, 2,5 unidades. Segundo os especialistas, as mulheres devem se contentar com 14 unidades por semana (cinco doses de uísque) e os homens com 21 (oito doses). A diferença deve-se ao fato de as mulheres terem de três a quatro vezes menos enzimas responsáveis pela metabolização do álcool no organismo que os homens. Mas não adianta tentar se enganar. A quantidade estipulada como de baixo risco vale para uma semana inteira. Tomar todas as doses em um único dia pode gerar inúmeros problemas.
Mas por que algumas pessoas têm problemas com o álcool e outras não? Não existe um único motivo. Há, por exemplo, um gene que predispõe ao alcoolismo. Estudos apontam que filhos de alcoólatras têm quatro vezes mais chances de se tornarem dependentes (chance e não certeza, é bom deixar claro). Em média, 20% dos casos de alcoolismo têm origem genética. Mas o parentesco não é o único fator determinante.
Também entram na conta a idade em que se começa a beber, as características psicológicas e o ambiente. No livro O Alcoolismo, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira e a psicóloga Ilana Pinsky contam que muitas brigas familiares estão associadas à maior possibilidade de desenvolvimento de abuso de álcool por parte dos adolescentes. “Pode-se afirmar que o alcoolismo se desenvolve com mais freqüência em famílias cujos pais impõem limites muito tênues (ou não os impõem) aos filhos”, dizem os autores.
Outro motivo é a propaganda de bebidas na televisão. Três estudos feitos com jovens da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, esquentam os debates. Em dois deles, os pesquisadores concluíram que a propaganda de cerveja tem influência direta na quantidade de álcool consumida. No outro, mostraram que o gosto por um comercial específico de cerveja implica fidelidade àquela marca.
O fato é que a dificuldade de enfrentar problemas comuns a todos nós leva um bom número de pessoas a se renderem aos encantos do álcool de forma abusiva.
Como evitar problemas sem largar o copo
Coma antes de beber
Com o estômago cheio, o álcool é absorvido mais lentamente, o que evita uma rápida intoxicação
Beba devagar
Dê um intervalo de tempo entre um drinque e outro. Quem precisa de um copo na mão deve alternar o álcool com refrigerantes, sucos ou água.
Tire a tentação de casa
Para reduzir o nível de consumo, tenha menos ou não tenha bebidas em casa para evitar tentações.
Curta a vida
Utilize seu tempo livre para atividades de lazer que dispensem o uso do álcool. Beber durante uma caminhada, por exemplo, é bem pouco confortável.
Beba água
Esqueça as vitaminas B12 ou aspirina para curar ressaca. Só a água pode ajudar a diminuir os sintomas de um porre.

Droga pode fazer bem?

No momento em que você lê esta frase, uma em cada 10 mil pessoas no mundo sente uma dor de cabeça superior em intensidade à de um cálculo renal descendo pela uretra ou à de um parto sem anestesia. A substância capaz de aliviar o sofrimento dessas pessoas está disponível há muito tempo em qualquer laboratório, mas nenhum médico pode receitá-la. E, mesmo que pudesse, não faria diferença, pois ela não pode ser comprada pelos pacientes. Afinal, de que adianta ir à farmácia e pedir 50 microgramas de LSD?
Para o médico americano Paul Gahlinger, autor de Illegal Drugs, considerado o mais importante livro já escrito sobre o tema, esse tipo de contradição não faz sentido. Para ele, a idéia de que os efeitos maléficos das drogas são superiores ao bem que podem causar a doentes (como o alívio que o LSD traz a quem sofre de enxaqueca severa, por exemplo) não se sustenta à luz de pesquisas atuais. Proibi-las, portanto, é uma decisão baseada mais em argumentos políticos e culturais do que na ciência.
Como é possível usar drogas ilegais como maconha, cocaína, ecstasy e LSD para fins medicinais?
Para todas elas há algum uso. A maconha é uma droga segura do ponto de vista medicinal. Ninguém nunca morreu por consumi-la. Ela pode ser usada, por exemplo, para tratar náuseas e dores de pacientes de câncer em tratamento com quimioterapia. Já a cocaína é um anestésico poderoso, com mais de 150 anos de uso. Até hoje, quase toda equipe de pronto atendimento médico nos EUA conta com um tipo de cocaína líquida para ser usada com esse propósito – o hidroclorito de cocaína está disponível em qualquer sala de emergência. Ela também é usada para estancar hemorragia nos vasos sanguíneos do nariz em hospitais e consultórios médicos. O MDMA [princípio ativo da droga ecstasy], segundo pesquisas atuais, é muito valioso para tratar problemas psiquiátricos, como o estresse pós-traumático e a ansiedade. Quanto ao uso medicinal do LSD, já há mais de 5 mil artigos publicados a respeito. Ele é bem útil para o alívio de dores extremas, como as causadas por enxaquecas crônicas ou parto normal.
Quantas doenças podem ser tratadas com drogas ilegais?
Algumas centenas. E tenho certeza de que serão descobertas ainda mais se as pesquisas forem liberadas. Mas já se sabe que elas são muito benéficas no tratamento de doentes. Tanto que algumas delas constituem o princípio ativo de medicamentos. Pegue, por exemplo, o Ritalin [remédio prescrito contra hiperatividade, sobretudo para crianças]. Praticamente não há diferenças químicas entre esse medicamento e a metanfetamina, que é uma droga ilegal. O que se faz atualmente é dar outro nome à metanfetamina e depois receitá-la a crianças.
Os EUA são responsáveis por 65% do consumo mundial de drogas pesadas. Tendo isso em vista, você não considera muito arriscado para a sociedade liberar totalmente a venda de drogas?
Evidentemente o abuso de drogas é um problema que traz sérios danos sociais. E eu acredito que é necessário, sim, haver restrições de venda. Mas proibir completamente o comércio não é a melhor solução, porque elas acabam virando uma espécie de fruto proibido. Ficam mais cobiçadas ainda. O melhor meio de lidar com as drogas é fazer o que já fazemos com as armas de fogo: você pode comprar um revólver se conseguir provar que vai usá-lo para um bom intuito e tem capacidade de manuseá-lo sem riscos. Afinal de contas, não existe nenhuma droga que represente perigo maior que uma arma.
Se, como você diz, já existe evidência científica da eficácia do tratamento, por que ainda há tantas restrições legais ao uso medicinal de drogas?
Quando você libera o uso medicinal, surgem vários problemas. Um deles é que nenhum médico pode dizer ao final de uma consulta: “Aqui está a sua receita. Vá à farmácia, compre 10 gramas de cocaína e use em sua casa”. O risco de abuso é enorme. Outro problema é que você não tem como evitar que um usuário de maconha vá ao médico e alegue náusea somente para obter a droga. Como provar que ele está mentindo? É impossível. Do ponto de vista do governo, a liberação também é complicada. Se ele afirma que as drogas são como veneno e, por isso, devem ser proibidas, fica difícil voltar atrás e permitir o uso delas como remédio. O DEA [agência americana de combate às drogas] não libera a maconha para uso médico por medo de que as pessoas pensem: “Se ela é usada como remédio, não pode ser assim tão ruim”.
Os EUA gastaram mais de 45 bilhões de dólares nos últimos 25 anos em campanhas contra drogas. Com tanto dinheiro investido nas campanhas, fica difícil obter financiamento para pesquisa com drogas ilegais?
Nos EUA, é praticamente impossível. Do ponto de vista do governo, não há nada a ganhar com o financiamento de pesquisas sobre drogas ilegais. Se conseguirmos provar que as drogas realmente não têm valor medicinal, isso não significará muito, pois a droga já é ilegal. Se provarmos que elas têm algum valor, estabeleceremos um conflito com a legislação. Para os governantes, portanto, o melhor é ter o mínimo de pesquisa possível. Assim, fica difícil obter até permissão para realizar estudos com drogas.
Você prevê alguma mudanças para essa situação?
Com certeza. No futuro, não será possível enxergar claramente a linha que separa as drogas legais das ilegais. A tecnologia evolui tão rápido que novas drogas surgem constantemente e fica difícil para a legislação evoluir no mesmo passo. Um bom exemplo é o caso do ópio, substância extraída da papoula que dá origem à heroína. Ele é proibido, mas sua versão sintética foi liberada como medicamento. A única razão para essa versão de laboratório não cair na ilegalidade é o fato de não partilhar da mesma história que o ópio tradicional. Quanto mais casos como esses são estudados, mais se percebe o vínculo que eles têm com a história, a sociologia, a cultura e a economia. A legislação atual tem muito mais a ver com esses fatores que com a química.
Então a classificação de uma droga como legal ou ilegal pode ser arbitrária do ponto de vista científico?
Algumas vezes, sim. Um exemplo é o GHB, um anestésico. Nos anos 80, o GHB começou a ser tomado ilegalmente por freqüentadores de academias para aumentar a massa muscular. Depois, descobriu-se que o GHB estava sendo usado em golpes do tipo “boa noite, Cinderela”. O governo americano decidiu torná-lo ilegal. Mas logo descobriram que o GHB era útil contra a narcolepsia. Resolveu-se, então, legalizar a substância, mas com um novo nome. Agora há dois nomes para a mesma droga, um legal e outro não.
Como as drogas agem no cérebro?
Enquanto o funcionamento do sistema neurológico é complexo, o das drogas é bem simples. Elas apenas imitam elementos químicos cerebrais. Ao serem consumidas, inundam o cérebro com esses elementos e alteram seu equilíbrio químico. Elas não causam tanto impacto lá dentro. Tanto que o efeito da maioria acaba rápido. Elas só são capazes de alterar a estrutura cerebral quando usadas em excesso. Na verdade, as drogas funcionam como um treinador de futebol: estimulam, mas não resolvem sozinhas. Pesquisas atuais mostram que é possível obter, sem a interferência de substâncias externas, todos os efeitos que as drogas causam no cérebro. Basta ter acesso a um estado de consciência que altere a química do órgão. A meditação, por exemplo. Creio que isso mostra que os efeitos estão todos no cérebro, e não na droga em si.
Você foi consultor sobre drogas para os programas da Nasa. Qual o uso médico que as drogas têm no espaço?
Uma coisa que as pessoas não sabem é que qualquer um que vá para o espaço fica sob efeito de drogas o tempo todo. Cerca de 50% das pessoas se sentem tão mal em viagens espaciais que ficam completamente inválidas durante as primeiras 18 horas. E as drogas são usadas para evitar o mal-estar. Muitas personalidades famosas que embarcaram em foguetes não fizeram nada além de passar mal a viagem inteira. Astronautas são obrigados a dormir dentro de sacos e a enfrentar um barulho absurdo na nave. Como é impossível dormir bem e eles não podem perder um minuto de trabalho (cada hora no espaço custa, aproximadamente, 100 mil dólares), tomam anfetaminas durante o dia e sedativos para dormir. Pilotos de aviões a jato também partem para missões de guerra sob o efeito de drogas. Quase ninguém fala disso, pois não é uma boa publicidade. Mas funciona.
Paul Gahlinger
• Seu livro Illegal Drugs (“Drogas Ilegais”, sem tradução para o português) é texto obrigatório nos cursos sobre o tema, como o da Universidade Harvard (EUA).
• Estudou antropologia, epidemiologia e bioestatística antes de cursar medicina.
• Conhece mais de 100 países. Já foi da Califórnia até a África pilotando um avião. Voa freqüentemente de sua casa em Salt Lake City (EUA) até o Canadá para visitar a mãe.
• Destruiu um de seus 4 aviões em uma batida aérea, mas já comprou outro. “Se eu morasse no Brasil, teria um aeroplano para pousar no leito de rios. Ia ser fantástico!”
Droga de remédio
A cena é bem conhecida: milhares de viciados nos EUA voltam para casa, montam carreiras de pó e as aspiram pelas narinas. Mas, apesar de o tráfico de drogas ilegais continuar cada vez mais forte, muitos desses viciados não estão enchendo os bolsos de nenhum bandido. Pois agora são clientes de outro ponto: a farmácia. O mais novo pó no mercado psicotrópico é feito a partir do Ritalin, remédio receitado contra hiperatividade para mais de 4 milhões de pessoas nos EUA. O Ritalin é apenas um dos medicamentos psicoativos cuja prescrição está exagerada no país, o que facilita bastante o acesso para os que pretendem utilizá-lo como droga. Nos EUA, o uso de medicamentos como entorpecentes já tomou uma dimensão tão grande que o número total de usuários de analgésicos, tranqüilizantes, estimulantes e sedativos para esse fim já ultrapassa 6,3 milhões – mais que o dobro dos consumidores de cocaína do país. O impacto do abuso desses remédios é sentido nos prontos-socorros. Em 1999, 2 milhões de pessoas foram hospitalizadas e 140 mil morreram devido a efeitos de remédios prescritos por médicos, enquanto o número de mortes causadas por todas as drogas ilegais foi de 5 mil a 8 mil. É um paradoxo: ainda há muita dificuldade para usar drogas ilegais como remédios,mas quase nenhuma para usar remédios como drogas.

Medicina – Drogas ilegais que podem ser usadas em tratamentos médicos

Maconha pode ser usada para aliviar a dor – mas ela não é a única droga ilegal que pode ser usada como remédio.
Confira essa lista com outras sete drogas que também servem a propósitos médicos e lembre-se que você não deve, em hipótese alguma, fazer uso delas sem o acompanhamento correto:
O governo dos Estados Unidos, nas décadas de 50 e 60, fez vários testes com o LSD para que ele fosse usado por soldados na guerra, mas pouca gente sabe que a comunidade médica também se interessou pela droga. Estudos dos anos 50 mostraram que ela é eficiente no tratamento contra o alcoolismo em até 50% dos casos. Em um hospital de Maryland, os médicos ofereciam LSD aos seus pacientes de câncer em caso terminal para diminuir a ansiedade deles em relação à morte. Um terço dos pacientes disse se sentir menos nervoso e com menos dores. Durante os anos 60, o LSD foi usado na psicoterapia, para aliviar dores crônicas. Até em doses menores do que as que produzem alucinações, o LSD era mais eficiente do que outros analgésicos. Mais recentemente, Harvard usou LSD para tratar pacientes com enxaquecas, com uma dosagem bem pequena, inferior à que produz alucinações, e diminui as dores dos pacientes.
Cogumelos mágicos
Os componentes dos cogumelos mágicos têm efeitos similares aos do LSD, especialmente no tratamento de enxaquecas. Uma quantidade bem inferior àquela que produz alucinações pode diminuir a freqüência das crises de enxaquecas, com os pacientes podendo passar até seis meses sem ter uma única crise.
Ecstasy
O componente que deixa os usuários do ecstasy tão alegres também pode ser usado para tratar distúrbios de ansiedade. Também seria eficiente para diminuir os sintomas de Parkinson liberando serotonina no organismo.Vítimas de estresse pós-traumático também mostram uma resposta positiva nos tratamentos com a droga.
Cocaína
Bem antes de ser usada em “carreirinhas” a cocaína era considerada um remédio milagroso, que poderia ser usada para curar desde alcoolismo até febres. Apesar da medicina moderna ter descoberto tratamentos mais seguros, a droga ainda é usada, muitas vezes, como anestésico para cirurgias nos olhos, no nariz e na garganta. Também foi usada como tratamento para pacientes que sofrem com dores de cabeça severas. A planta que produz a cocaína, a coca, têm menos alcalóides e foi usada por muitos séculos na medicina dos americanos nativos.
Heroína
É conhecida como um dos mais eficientes analgésicos do mundo! Ainda é usada para tratar dor extrema, no caso de pacientes com câncer nos ossos, por exemplo. A literatura médica indica a heroína como um analgésico mais seguro do que opiatos sintéticos usados hoje.

Ketamina
É um tranqüilizante de animais conhecido como “o K especial”. Provou que pode tratar e curar depressão, até mesmo em pessoas que não mostraram reação a outros tipos de tratamento. O mais interessante é que a droga é capaz de consertar conexões no cérebro que foram danificadas por estresse crônico.
Anfetaminas
São usadas hoje para tratar várias doenças, incluindo narcolepsia e déficit de atenção. Algumas pesquisas mostraram que elas podem ser eficientes até no combate contra a obesidade. Outro uso surpreendente é na recuperação de pacientes que sofreram um ataque cardíaco.